Nunca houve tantos médicos no Brasil como hoje, e o número ainda vai subir. É o que diz um estudo publicado pela ProvMed 2030, parceria entre o Ministério da Saúde, a USP e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) que mapeia a oferta de médicos no País. O número de profissionais passou de 315.902 em 2010 para 487.275 em 2020. A previsão é que a quantidade quase dobre até 2030, chegando a 815.570 médicos, sendo que 80% dos profissionais terão entre 22 e 45 anos. Com isso, fica evidenciado que o crescimento dessa profissão trará consigo consequências para a medicina em geral. Com mais médicos, quanto menos burocracia houver na hora de fechar um espaço para atender, melhor.
Médicos recém-formados buscam a consolidação profissional após longos anos de estudos, mas ao se depararem com o atual cenário econômico brasileiro, reconhecem a necessidade de estarem preparados para os diversos desafios a serem superados em busca de uma melhor gestão de carreira. Diante de um cenário de incertezas pós-pandemia, altos custos imobiliários, preocupações tributárias, cíveis e fiscais, necessidade de investimento em softwares para melhorar a gestão e organização do seu espaço, dentre outros pontos, surgem novos modelos de negócio que trazem diversas inovações e possibilidades ao profissional da saúde, embora não seja exclusividade do segmento as demasiadas burocracias e trâmites legais.
Dessa forma, o coworking vem ganhando muita força no Brasil e no mundo, embora não seja uma novidade tão recente. Existem relatos de espaço de trabalhos compartilhados desde antes do século XX, embora o modelo de negócio só tenha começado a ganhar força em meados da década de 1990 na Europa e nos Estados Unidos. O conceito do coworking é basicamente um ambiente de trabalho compartilhado, e foi sendo aprimorado ao longo dos últimos 20 anos. Agora, aliados à globalização e tecnologia disponíveis, abrem-se portas para novos modelos de negócios sustentáveis e promissores.
No caso do profissional de saúde, o coworking vem se mostrando muito promissor, uma vez que consegue entregar um ambiente equipado e preparado para receber o médico, além de oferecer serviços de recepção, contabilidade, desenvolvimento pessoal, sem que demande do médico a atenção para resolução de problemas atrelados à rotina e gestão. Muitas vezes apenas o capital necessário para a abertura do seu próprio consultório não será suficiente para garantir resultados positivos. Há também que se considerar o mínimo interesse em gestão, administração e empreendedorismo para que você crie um modelo de negócio sustentável e rentável.
Ou seja, no caso do coworking médico, o profissional assume o compromisso do aluguel mensal de suas salas, e a partir disso foca apenas em atender seus pacientes. Para se ter uma ideia em números, a Livance, uma empresa focada em coworking médico, já recebeu mais de 50 milhões de reais em aportes, além de já terem aberto mais de 20 clínicas ao redor do Brasil, tamanha é a demanda por espaços compartilhados e que compensem financeiramente. Ao que tudo indica, o mercado vem absorvendo bem novos modelos de trabalho.